Sílvia Patrício

«A New Old Master»

Um dos mecenas das artes ocidentais mais proeminente, desde o início da era moderna da humanidade (fim do século XV) até à contemporaneidade, é, sem dúvida nenhuma, a Igreja Católica. É só percorrermos a velha Europa latina e constataremos que a presença dela está em todo o lado. Entre mosteiros adornados e pequenas igrejas aldeãs, é quase impossível não reconhecer o peso que tem no legado artístico de cada um destes países.

Imensos são os profissionais da pintura, escultura e arquitectura que a igreja contratou ao longo dos anos, para fazer coisas maravilhosas. Basicamente porque são ricos…, poder-se-á argumentar. Mas para mim há algo mais. Não basta ser rico. Não foi por isso que encomendaram trabalho a Miguel Angelo ou Rafael, e não foi com certeza por isso que pediram a Sílvia Patrício que pintasse os ícones oficiais dos pastores de Fátima.

Tirando do discurso raras exceções, que não trabalham em coisas que abalem os seus "core values", qualquer artista está deserto para ser escolhido pela igreja. Primeiro, porque há uma hipótese grande de os trabalhos durarem muito mais tempo que o autor. Segundo, porque os projectos propostos são geralmente de grande envergadura, o que entusiasma muito os autores. Por último, mas não por fim, por poderem ganhar dinheiro que se veja. Então porque terá a Igreja Católica, podendo escolher qualquer artista, escolhido a Sílvia?

Para mim, porque o nível de minuciosidade se aproxima ao dos Old Masters, e porque ainda hoje este alto nível de desempenho na pintura quase se afirma como um ex-libris para ela.

Não fique o leitor com a ideia de que a artista trabalha exclusivamente para a Igreja. Não. Nada que se pareça. Já muitos descobriram o poder da pintura de Sílvia Patrício e ainda muitos mais serão os apreciadores que, sem dúvida, farão dela uma das pintoras mais bem sucedidas de Leiria nas últimas décadas.

Assim concluindo, resta-me apenas exaltar que temos entre nós uma destas pintoras distintas, que com o tempo se torna cada vez mais requintada, e que atrai — e continuará a atrair, com certeza — os olhares dos mais altos mecenas do mundo da arte. Aproveitem.

Leonardo Rito, Maio 2022

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