Nuno Gaivoto

“Don't think about making art, just get it done. Let everyone else decide if it's good or bad, whether they love it or hate it. While they are deciding, make even more art.” Andy Warhol

Quando Andy Warhol disse isto, tinha em mente o espírito que encontramos em Nuno Gaivoto. Os outros pensam, e decidem o que têm a decidir, enquanto isso o trabalho continua a surgir. Nesta edição da Casa Plástica, pretendo tornar isso visível.

A primeira vez que visitei o atelier do Nuno, havia tantas pequenas pinturas espalhadas pelo chão que mal dava para perceber a cor do chão. Fiquei com a ideia de que se tratava de um autor altamente prolífero e que merecia a minha atenção. Ao longo dos anos vim a constatar que era verdade, e continuei a seguir de perto o trabalho dele.

Uns anos mais tarde, vi numa galeria, uma instalação de pequenas pinturas dele, todas emolduradas da mesma maneira. Ocupavam uma parede inteira, estavam dispostas de forma simétrica, com espaçamentos equidistantes e formavam uma espécie de grelha quadriculada. Percebi que a força das telas do Nuno estava nos números e na maneira como as pinturas se comunicavam entre si.

Uma certa pintura sozinha levava-me a um certo entendimento — mas a mesma pintura, quando voltada para uma outra certa pintura, que tinha também o seu próprio entendimento, revelava um entendimento novo, que não estava contido em nenhuma das duas pinturas individualmente. Quase como se uma força extra surgisse quando as telas são mostradas acompanhadas em vez de isoladas.

Uma espécie de 1+1=3.

Leonardo Rito, Maio de 2022

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